Resisti à tentação de ser um treinador à distância, como muito daqueles que não conhecem minimamente os atletas que treinam - em muitos casos nunca se encontraram pessoalmente -, mas que ainda assim cobram, e não é pouco, por um serviço que, muitas das vezes, não passa de um ficheiro de excel/word, várias vezes copiado, colado e enviado para vários clientes. Assim é fácil ser "treinador"!
Por outro lado, ser treinador presencial, seria para mim um segundo trabalho. Apesar de desapontado com o estado atual da escola pública e de uma sociedade onde ter maus hábitos de vida e criticar quem faz desporto e é aparentemente saudável é que é fixe - INVEJOSOS! -, ainda tenho gosto de ensinar quem deixa ser ensinado. Significa então que não me imagino a deixar o ensino para ser treinador, e como não vislumbro a possibilidade de, na cidade das instalações e estágios desportivos, um projeto de formação, iniciação e rendimento na modalidade de Triatlo vir a ter sucesso, ao ponto de, um técnico ser profissional a tempo inteiro, mais vale ficar como estou.
Ser treinador, à distância ou presencial, é um tentador desafio, mas simultaneamente, é um compromisso e uma responsabilidade para com todos aqueles que confiam no trabalho sério e empenhado de um técnico. Neste jogo do dar e receber da formação e treino desportivo, sobretudo entre técnico e atletas, deverá existir um equilíbrio tal que ambas as partes se sintam devidamente recompensadas. Se ser treinador presencial a tempo inteiro é tarefa árdua, que dizer de quem desempenha tais funções de um modo parcial, ou seja, após a atividade profissional?
Admiro e respeito muito quem abraça a carreira de treinador, mas tanto quanto tenho conhecimento, tendo em conta as compensações financeiras recebidas por muitos treinadores de diversas modalidades, quem acaba por pagar para treinar é o treinador. Os médicos, enfermeiros, advogados, só par citar algumas classes profissionais, após 18 anos de investimento em formação, fazem isto?
Naquelas circunstâncias, compreendo a opção de ser treinador, se a mesma tiver motivações como o enorme gosto de ensinar, formar e educar atletas, e em particular, relacionadas diretamente com um projeto de âmbito desportivo e social. De outra forma, poderá ser um trabalho inglório.
No meu caso pessoal, nem quero saber se algum dia seria considerado um bom treinador, mas só o facto de saber que iria tentar ser isso mesmo, iniciar-se-ia logo aí o processo de desequilíbrio, ou seja, teria que abdicar de muitas horas semanais com a família e, claro está, a minha própria prática desportiva de competição também seria relegada para um lugar muito distante do atual. Definitivamente, neste momento e perante o contexto atual, não tenho perfil para ser treinador de nada, nem de ninguém. A menos que muita, mas mesmo muita coisa se altere, sobretudo, a mentalidade das pessoas.
Contudo, continuarei a partilhar informação, a debater ideias e a emitir opiniões, de forma descomprometida, com todos os interessados pela atividade física.
É o mínimo que posso e devo fazer.
2 comentários:
Pedro, essa postura, sendo pessoal, está legitimada pelo grau de profissionalismo que determinas para prosseguir tamanho projecto. Embora sejam discutíveis alguns dos aspectos que referes, no essencial, relativamente à exigência que se espera dum treinador, concordo em absoluto. Ou se é sério no que se faz, ou então mais vale estar quieto. Já temos demasiadas pessoas iludindo-nos.
Agora menos a sério; então, quer dizer que "abandonaste" aquele teu atleta que levaste à maratona do Porto-edição 2011!...Tá mal! :))
Forte abraço, companheiro.
JC,
É apenas a minha postura pessoal e profissional. Não é vinculativo :-)
O meu atleta é que me está a abandonar e por isso mesmo está a ficar gordo. Sempre que posso, tal como hoje, desafio-o para ir treinar.
Um abraço.
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