Introdução
Normalmente, não tenho por hábito realizar uma reflexão sobre uma prova, separada do balanço da mesma. Mas o Triatlo Longo de S.Jacinto 2011, por vários motivos, merece uma reflexão e consequente mensagem pública em separado.
Preparação
Após 3 semanas de treino a aumentar a carga de treino, uma semana antes da prova, reduzi drasticamente o volume e mantive alguma intensidade, por um lado, para recuperar o melhor possível do desgaste físico acumulado e, por outro lado, para que a velocidade de deslocamento sofresse alguma afinação. Resumindo: após 3 semanas de carga, 1 semana de recuperação/taper.
Viagem
Detesto ir sozinho para as provas, a conduzir sem conversar com alguém, e a ansiar a chegada ao local de destino. Felizmente, a minha mulher e o meu filho acompanharam-me: e que bom que foi para os 3!
A conjuntura económica e social, não está a facilitar mesmo nada, e sempre que possível, proponho e combino a partilha de transporte e despesas, mas sempre com a garantia de que vou rodeado de pessoas de confiança, bem dispostas e humildes: amigos, portanto. Obrigado ao Duarte Barreto e Pedro Raposo, triatletas do Ateneu Artístico Cartaxense, por proporcionarem um fim-de-semana recheado de bons momentos.
Abro aqui um parêntesis para felicitar publicamente o Pedro Raposo. Deveriam ver a satisfação do rapaz, por ter concluído a prova. Ele que já pesou mais de 100 quilos, depois de parar de jogar Rugby, e que até ao momento tinha apenas realizado um triatlo na distância sprint, em Alpiarça. Mais do que medalhas e prémios, são experiências como estas que enriquecem a nossa vida e nos fazem gostar cada vez mais do Triatlo.
Prova
Há muitos que não tinha o prazer de concluir uma prova que, não sendo perfeita, posso considerar que tive um excelente desempenho desportivo.
Durante a semana que antecedeu a prova, preparei-me mentalmente - imaginando-me em competição -, para que quando soasse o som para a partida, a minha determinação e concentração fosse total. Assim aconteceu!
No segmento de natação, apesar de necessitar de aperfeiçoar a navegação, imprimi um ritmo de braçada intenso, mas confortável, resultando, tão somente, no melhor tempo de sempre neste segmento, em provas de longa duração.
Ao sair da água, foi extremamente fácil despir o confortável fato de neoprene, e após uma primeira transição rápida e sem atrapalhação, ignorando o ritmo dos restantes adversários, e apenas baseado nas minhas sensações corporais (qual monitor de frequência cardíaca ou potenciómetro, qual quê?!), percebi claramente qual a cadência de pedalada e velocidade de deslocamento adequadas às circunstâncias: "40-41km/h para lá e 35-36km/h para cá". Mas nem só de pedalar e posição aerodinâmica se faz o segmento de ciclismo; uma nutrição (comida e bebida) no momento e quantidade certas, é uma questão de sobrevivência numa prova com esta duração. Comigo resultou a ingestão de sólidos (barras e patés) e gel, a cada 20-30 minutos e líquidos (água e bebida com electrólitos). Escolhas acertadas uma vez mais!
Novo parêntesis, para deixar bem claro o seguinte: todos os triatletas que no domingo vi a circularem em pelotão ou emparelhados a impor ritmo de prova alternadamente, para além do facto de terem infringido o regulamento da competição, apenas estão a iludir e enganar os próprios, mas prejudicando os restantes que competiram de forma correcta e honesta. Alguns daqueles atletas foram ao pódio: que lhes saiba bem a medalha!
Na segunda transição, as sensações foram óptimas, e arrumando e trocando o material rapidamente, parti sem dores musculares, fadiga excessiva ou câimbras para as 5 voltas de corrida.
A gestão do esforço no último segmento da prova foi óptima, não necessitando sequer de levar relógio ou gps, conseguindo, novamente, apenas através da percepção do esforço e da leitura das sensações corporais, volta após volta, manter um ritmo constante, mais precisamente, 3'56"/km. De novo, mas durante toda a corrida a pé, uma nutrição (comida e bebida) no momento e quantidade certas, possibilitou-me fornecer energia e água adequadas ao organismo. Neste particular, resultou a ingestão de uma saqueta de gel por cada volta percorrida, com excepção da última.
Ao passar o pórtico de meta com um tempo final abaixo das 4 horas e 20 minutos, quase no top 10 (este pessoal está a andar muito!), senti-me aliviado, feliz, realizado. Foi um excelente teste para o IRONMAN de Zurique, em 10 de Julho de 2011.
As fotos
Aproveitando o facto da minha esposa estar presente no dia da prova, pensei: "Se já beneficiei, por diversas vezes, do trabalho fotográfico efectuado e disponibilizado gratuitamente por outras pessoas, tenho uma excelente oportunidade de retribuir". Dito e feito! Ela "disparou" mais de 400 vezes - e a "sorte" do pessoal foi o meu filho ter-se acordado apenas às 8 horas da manhã -, e quando cheguei a casa, até à 1 hora da manhã, transferi, corrigi e carreguei no picasa, 308 fotografias, da esmagadora maioria dos atletas presentes, e sem censurar uma foto que fosse, para disponibilizar publicamente, isto apesar de ter causado apenas um único incómodo em todo este processo. Nada mal!
O Evento
O Triatlo de S.Jacinto, foi realizado num local magnífico e com gente hospitaleira. Praticar a modalidade que mais se gosta e ter o prazer de nadar na Ria de Aveiro, e pedalar numa estrada em excelente estado de conservação, desfrutando da vista para a ria, para os pinhais e dunas, entre S.Jacinto e Torreira, apesar dos esforço, foi um privilégio.
A organização, por parte da Câmara Municipal de Aveiro e Federação de Triatlo de Portugal, assim como todos os patrocinadores e outras pessoas e organizações envolvidas, merecem uma crítica muito positiva, pelo facto de terem proporcionado aos presentes, uma competição desportiva com custos reduzidos de inscrição, segura e bem organizada no seu todo.
Deseja-se que esta prova se mantenha por muitos anos, e outras sigam este exemplo. Promovida de forma antecipada e pelas vias mais eficazes, tem condições e qualidade para o dobro dos participantes.
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