Na condição de atleta amador e imbuídos do espírito competitivo, a ânsia de treinar e competir leva a que muitas ocorrências nos passem completamente despercebidas. Algumas não têm a menor importância e ninguém se vai preocupar mais com a atenção que não se deu.
Porém, o assunto toma outras proporções quando no nosso ritmo freneticamente egoísta, típico de atletas amadores que "não podem" perder tempo, porque esse mesmo tempo faz falta para treinar, recuperar ou atrasa o compromisso de estar a horas certas num treino ou competição, sistematicamente, e de forma mais ou menos consciente, vamos ignorando os avisos e sinais de alerta que nos deveriam fazer parar ou, no mínimo, abrandar para pensar se o nosso comportamento é o mais saudável para todos.
Este "todos", naturalmente, assume particular importância quando se trata da família e do equilíbrio e estabilidade que é fundamental manter no quotidiano, para que a mesma não se desestruture, devido a algo que se tornou - mas que não deveria ser -, uma obsessão.
Também já não me encontro nesse ponto, mas longe, muito longe disso, ainda assim, recentemente vivi um momento que me fez pensar sobre a forma como atualmente ainda encaro a prática desportiva de competição. O episódio é simples: num domingo de manhã, chegada a hora de partida para mais uma prova, o meu filho negou-se a sair de casa, afirmando com toda a convicção "Não quero ir! Não gosto de provas!".
Dei-lhe razão, despedi-me da família e fui sozinho para a prova, mas fui a pensar no assunto e, com toda a certeza, este foi um episódio que me marcou e irá alterar indelevelmente a forma como, futuramente, irei encarar a prática desportiva regular, em particular, a participação em competições.
Já vos aconteceu algo semelhante?
Também já não me encontro nesse ponto, mas longe, muito longe disso, ainda assim, recentemente vivi um momento que me fez pensar sobre a forma como atualmente ainda encaro a prática desportiva de competição. O episódio é simples: num domingo de manhã, chegada a hora de partida para mais uma prova, o meu filho negou-se a sair de casa, afirmando com toda a convicção "Não quero ir! Não gosto de provas!".
Dei-lhe razão, despedi-me da família e fui sozinho para a prova, mas fui a pensar no assunto e, com toda a certeza, este foi um episódio que me marcou e irá alterar indelevelmente a forma como, futuramente, irei encarar a prática desportiva regular, em particular, a participação em competições.
Já vos aconteceu algo semelhante?
7 comentários:
A mim também me acontece. E tens razão, ir a todas começa a ser demasiado egoísta...
Como sabes pratiquei outra modalidade desportiva (futebol) durante 25 anos,” amadorismo” é uma palavra enganadora pois sais do trabalho, ou escola, vais para o treino e quando chegas a casa a familia já dorme ou perto disso. Parece que não vês mais nada, que quando não treinas ou as coisas correm mal tudo o resto é secundário, toda a gente paga pela mesma tabela e nem percebes que estás de tal forma “mergulhado” na tua atividade que nem notas que estás a ser egoista e que de és injusto para com aqueles que sempre te apoiaram e de vez em quando querem o pai ou o marido e que dispensam o desportista.
Quando és amador tens provavelmente menos tempo livre do que quando és profissional, nunca o fui (profissional), mas tirando o tempo de estágios e viagens tens seguramente mais tempo livre durante o dia, nem que seja entre os treinos (no caso de bidiários) ou antes e depois (no caso de um só treino).
Tu foste um dos responsáveis de eu tentar fazer triatlo mas depressa percebi que não o posso fazer com o afinco que pretendo, pois estava a reentrar na rotina de á uns anos atrás e a deixar a familia em défice de pai e marido. Sabes a forma como hoje em dia encaro a prática desportiva (amador, lowcoast. Autodidata, ... ) treino para triatlo mas não o faço a nivel oficial, salvo uma ou duas provas, tento não stressar quando não posso treinar e compenso com uma ou outra maluqueira diferente do habitual.
Para concluir optei pela familia, não me arrependo pois continuo a praticar desporto e desfrutar da companhia da minha mulher e do crescimento das minhas filhas. Aquilo que estás a passar já passei de forma parecida e entendo que se fores gerindo a familia e o treino é perfeitamente possivel conciliares as duas coisas, agora tal como sempre me disseste, tens de definir prioridades e como tal uma normalmente sobrepõe-se á outra com ligeiro prejuizo da menos prioritária. Claro que ainda não me consigo desligar completamente da competição nem sei se alguma vez conseguirei ,provavelmente quando isso acontecer então é que só farei os passeios domingueiros com os amigos pois ainda é dificil ser ultrapassado por atletas que achas que têm menos condições do tu, mas que por treinarem mais conseguem obter melhores resultados e é assim que deve ser.Em contra partida a forma como te posicionas nas competições permitem-te disfrutar muito mais do desporto e da companhia dos teus amigos.
Foi apenas uma reflexão e um contributo para a discussão em volta de um tema comum a tantos “veteranos” como nós.
Um abraço,
Pedro A. S. Santos
Caros amigos, obrigado pelas vossas sinceras opiniões. Felizmente, não me sinto em rotura, nem com a família, nem com os amigos, nem com a prática desportiva.
Mas de tempos em tempos, é indispensável repensar e reorganizar a vida, para ela nos sorrir e nós sorrirmos para ela.
Só assim faz sentido andar por cá: em equilíbrio interior e exterior.
Saúde e um abraço para todos...e treinem! :-)
Ola Pedro, antes de mais parabéns mais uma vez pela iniciativa de humildade para colocar este post.
Aquilo que perguntas e dizes ter vivido de forma presente é um facto que também me revejo nele.
Gostaria de participar em muito mais provas mas cada vez mais a vida em que estamos inseridos e fomos encaminhados a estar inseridos nos condiciona.
Por isso cada vez posso participar em menos eventos e tenho a certeza que quem tiver uma família isto é ( for pai ou mãe ou tiver pessoas dependentes) e disser que pode contornar isto e ir onde quer e lhe apetece estar a mentir, por mais sacrifício que haja de treino de acompanhantes de horários etc. Alguma coisa fica para trás.
Quantas vezes ouso a minha filha a dizer o pai então? Porque não vamos para aqui ou porque temos que fazer isto? Ou os meus amigos a dizer porque não podes vir jantar no sábado a noite? Os pais a dizer porque não podem vir almoçar com nos no domingo? Os familiares a comentar entre si agora só fazem desporto etc.
Realmente o triatlo/ duatlo é uma paixão que depois de ser descoberta dificilmente se deixa de praticar.
Por isso posso dizer que gosto muito de competir e tenho pena de não ter descoberto esta paixão mais cedo, mas cada vez mais participo menos em provas porque não vivo sozinho nem vivo do desporto como tal continuarei a participar em algumas com o espirito de superar os meus resultados e claro acabo por defeito por compara-los com os dos outros algo que também não faz qualquer sentido visto não termos todos a mesma disponibilidade de tempo e outras condicionantes que são incomparáveis.
Realmente a palavra competição faz muito mais sentido aqueles que vivem dela e para ela.
Como tal todos nos amadores ou melhor eu amador julgo que competir é bom porque nos motiva mas não mais do que isso.
Um abraço e até breve.
pois é..., vivemos num dificil equilibrio TRIANGULAR (familia-trabalho-desporto) e tentamos nos manter o mais equilibrados possivel, mas se já é dificil equilibrar dois pontos o que dizer de três!?!?!? não há milagres...
estabelecer prioridades certamente!!!
mas atenção quantas vezes já ficas-te em casa para poder estar com o filho e ele nem deu pela tua presença???
ou somos egoistas ou pensamos nos outros..., não sou adepto de extremos :( bom senso e ponderação, há "tempo" para tudo e tudo tem o seu "tempo"!!! aguenta Pedro e não chora...
Aguento sim, David :-)
E também sei o que devo fazer (sensivelmente) em cada momento, tempo por base as necessidades, prioridades e motivações.
Este tema irá ter um desenvolvimento positivo muito em breve. É uma questão de organizar as ideias e ter tempo para as partilhar convosco.
Um abraço, saúde e bons treinos!
Olá Pedro,
sei o que sentes porque à três anos quando fui ao Camp Europeu Natação/AAbertas em Cadiz,tive problemas semelhantes...
E cheguei a um ponto de quase ruptura, que apenas se resolveu quando regressei de Cadiz, mas que acabou por deixar marcas. Porque fui acusado de ser egoista, mas porque também achava que o outro lado estava a ser egoista! Que não percebia que era algo que gostava e que precisava de fazer... Na altura a minha filha tinha 1 ano.
Actualmente tem 4 mas tem uma irmã com meses e, apesar de treinar com afinco todos os dias e de ter o exame médico pronto desde Março, ainda não o entreguei ao Gameiro, porque tenho receio que volte o vicio!
Um grande abraço
JJ
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