domingo, 27 de setembro de 2009

Doping nos Masters

Em alguns meios de comunicação social, a noticia de alegados casos de doping Volta a Portugal Masters 2009 só poderá surpreender quem não tem vindo a acompanhar o s acontecimetnos nesta matéria em torno do Ciclismo. Sempre afirmei que a Volta Masters seria, e foi, um evento importante para esta categoria. Mas também mantenho outra certeza: se os controlos fossem em maior número e mais rigorosos, os casos positivos seriam bem mais.
Sei que por parte de quem consome, administra, aconselha e vende estes produtos farmacêuticos sou "visto de lado" e "um alvo a abater", mas que se dane: gosto do desporto e quanto mais limpo (doping e outras batotices) melhor!
As categorias de Masters e Elites Amadores com mais de 23 anos, goste-se ou não, também fazem parte do Ciclismo, pagam filiações e têm direito a um tratamento justo e à verdade desportiva. Caso contrário, passariam estas categorias à clandestinidade e seria como no culturismo, em que na verdade, quem lá anda toma de certeza químicos como quem come farturas em tempo de feira. O ciclismo deve ser visto como uma modalidade, um todo, e não, categoria a categoria, sob pena de existir ainda mais discriminação.
Esta época fiz 11 provas de Ciclismo em estrada e 5 das quais, na Galiza. Um dia lembrei-me de perguntar ao melhor ciclista galego do momento, Abel Gomez, se não existiam prémios monetários nas provas deles. A resposta fui simples, directa e esclarecedora: a Real Federação Espanhola de Ciclismo proibiu os prémios monetários nos escalões de Masters.
Fez-se luz na minha cabeça e disse para mim próprio: "pois claro, és amador, com mais de 30 anos, pai de família, tens idade para fazer o que gostas, porque gostas e não por estímulos (€€€) externos".
Esta medida resolvia uma parte do problema em Portugal, relacionado com os "aditivos" para ganhar mais uns trocos.
O problema maior de resolver é o do ego. E há muita gente que com os tais aditivos quer provar que tem muito andamento, que pode fraccionar o pelotão numa subida, que consegue anular todos os ataques, que pode vencer apesar da idade não ser a de um jovem, aparecer no pódio e nas fotos, ir treinar com os amigos e mostrar a camisola de campeão, mostrar uma prateleira cheia de taças e troféus empoeirados. Meus caros: pura ilusão dos aditivos, pois no outro dia é dia de trabalho e quem assistiu à prova, passado pouco tempo nem sabe o nome do vencedor.
Tenho 10 épocas seguidas neste escalão e não preciso de referir nomes de pessoas ou equipas para dar exemplos de como não se deve estar no desporto. Para alguns não é agradável de ler estas linhas, mas não podem negar a verdade e mais tarde ou mais cedo estas reflexões terão que ser feitas e algumas mudanças terão que ser postas em prática, correndo o risco de um destes dias, numa qualquer prova de volta ao bidão, em vez de aplausos recebermos vaias e insultos.
Os que lêem estas linhas e os que não lêem, mas que vão ser informados pelos que leram, pensem no assunto: será que vale a pena arriscar?
Mais detalhes sobre este flagelo no antiDOPING: desporto sem drogas do DN.

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