por PATRÍCIA JESUS
Estudo em oito escolas da região de Lisboa mostra situação "alarmante". Tensão alta, obesidade e fumo são responsáveis.
Quase metade dos alunos do secundário (49%)de Lisboa tem pelo menos um factor de risco para desenvolver problemas do coração. A conclusão é de um estudo-piloto que será apresentado hoje no Instituto Ricardo Jorge (Insa) e que envolveu 854 alunos de oito secundárias da região.
"Os resultados são alarmantes", reconhece a investigadora Mafalda Bourbon, responsável pelo estudo. Cerca de 35% dos jovens dos 15 aos 18 anos acompanhados tinham já dois factores de risco cardiovascular e outros 12% apresentavam três. Entre os factores de risco mais comuns estão a obesidade, hipertensão e o fumo.
"A grande surpresa foi a prevalência da hipertensão: 11% dos alunos tinham já tensão alta e 28% uma pressão arterial normal alta, ou seja, podem ser considerados pré-hipertensos. É uma barbaridade", diz a investigadora do Departamento de Promoção da Saúde e Doenças Crónicas do Insa.
"Sabemos que 42% dos adultos são hipertensos, mas não esperávamos encontrar uma prevalência tão grande em adolescentes. Estivemos numa escola em que havia um número elevado de crianças com 15/10 e não conseguimos encontrar explicação para esse facto", indica.
Conclusões que justificam que se avance para um estudo nacional, até porque "todas as regiões são diferentes e os resultados não por isso extrapoláveis". As oito escolas que participaram no estudo de prevenção cardiovascular "Coração Jovem" são todas da região de Lisboa - cinco públicas e três privadas.
O excesso de peso e a obesidade foram outros problemas detectados. Afectam 16% dos jovens que participaram no estudo. Além disso, 13% dos alunos fumavam e destes 8% todos os dias. Apesar de apenas 0,5% terem diabetes, um em cada dez tinha anomalias do metabolismo. A investigadora salienta ainda a existência de 22% de adolescentes com colesterol a rondar os limites. Por fim, 6% tinham pais com problemas cardíacos prematuros.
Com a idade, notou-se também a tendência para os adolescentes começarem fumar e perderem bons hábitos alimentares: cerca de 60% consomem verduras quase todos os dias, mas 23% tomam menos de cinco refeições diárias.
Quanto ao exercício físico, 55% praticam menos de uma hora por semana fora da escola e 55% e 61% passam, respectivamente, mais de uma hora por dia a ver televisão ou sentados frente ao computador ou consola de jogos.
Para os investigadores, os resultados mostram que "cedo se começam a criar condições de risco" para desenvolver problemas cardiovasculares, a primeira causa de morte em Portugal, e que é preciso começar a prevenção mais cedo.
De que valem os Clubes da Saúde, os Projectos de Educação para a Saúde, a Educação Física, o Desporto Escolar, os diversos rastreios gratuitos, as diversas campanhas, no interior dos estabelecimentos de ensino, ao longo de todo o ano lectivo, ao longo de vários anos lectivos, se boa parte da população-alvo - os alunos -, não valorizam, nem aproveitam estas oportunidades para modificar comportamentos e adquirir hábitos de vida saudáveis para o presente e futuro, e se, a esmagadora maioria dos Pais e Encarregados de Educação, ignoram ou desvalorizam esta problemática?
O que será preferível: fazer um esforço para adquirir e manter hábitos de vida saudáveis? ou, devido aos excessos, adquirir graves problemas de saúde (diabetes, colesterol elevado, obesidade mórbida, doenças cardiovasculares, tendinites por sobrecarga na estrutura óssea, depressões, etc.) e recorrer a serviços médicos?
Também me incomoda bastante passar uma parte substancial do ano lectivo a chamar a atenção e aconselhar sobre este assunto e, ainda assim, o dinheiro dos meus impostos ser canalizado para suportar despesas de saúde com pessoas que teimaram em cometer erros sucessivos ao longo da sua vida, mantendo hábitos de vida pouco ou nada saudáveis, ou melhor, hábitos de vida prejudiciais para a sua saúde. Fico chateado, claro que fico chateado!
2 comentários:
Apontamento muito interessante. O meu tempo de escola já lá vai há muito tempo mas já há uma década era assim. Por acaso tive a oportunidade de estar numa turma só de rapazes (informática, tinhamos 2 raparigas só) e tinhamos umas aulas de EF muito à frentex,e adorávamos. No meio de tantas aulas secantes poder passar 3 aulas por semana em exercício era super agradável.
Hoje em dia muitos jovens não sabem o quão agradável é fazer exercício.
Obrigado!
O esforço dispendido na realização de actividade física e desportiva, é largamente compensada pelos seus benefícios.
Os profissionais da actividade física, necessitam da colaboração imprescindível dos pais e encarregados de educação dos alunos, para nós, em conjunto, os educarmos e formarmos nessa área, despertando nas crianças e jovens, o prazer em realizar exercício físico regularmente.
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