quinta-feira, 7 de junho de 2012

Para quê ler?

Tenho estado atento à notícias na rádio e nos jornais, não tanto às que se referem aos milionários pontapeadores de bola a gastar 33000€/dia em hóteis em representação de uma país em crise, a pagar impostos como nunca e a bater recordes do desemprego. Ups! Afinal também estou atento a estas notícias. Pudera! Cada vez que pago impostos, meto combustível no depósito do carro, vou ao supermercado, faço um telefomena, bebo uma bejeca, estou a contribuir de forma direta e indireta para esses ricaços. Estamos cercados pela máfia do futebol! E os meios de comunicação social estão todos absolutamente controlados por estes poderes. E ainda pedem para fazer corridas, cantar cantigas pimba de apoio e acenar bandeiras? O CQFT!!!

Baseado em experiências anteriores, faça-se uma comparação com o apoio aos Atletas que irão representar Portugal nos Jogos Olímpicos em Londres. Qual comparação? Não é possível comparar nada, porque não há bom senso, nem justiça na atribuição de apoios. E esse desporto de fanáticos e carregado de corrupção, tem representação nacional nos JO 2012? Não tem! Mas se tivesse, seria ainda bem pior para os restantes atletas. Percebe-se perfeitamente porquê.

Caramba, já me perdi nas notícias! Ah, já me lembro! 

Ao que parece, há mais uma revisão curricular em marcha e, uma vez mais a estratégia é retirar tempos letivos às expressões, em particular, à Educação Física e ao Desporto Escolar, mas também à Música, Educação Visual e Educação Tecnológica. Os alunos já vomitam Matemática e Língua Portuguesa, mas continuam a insistir em atribuir mais tempos letivos, mais apoios e exames, sem que os resultados sejam claramente visíveis. Continuam a insistir que "mais é melhor", sem perceberem que mais, é mais aversão a estas disciplinas. Ontem, em conversa com duas colegas de Educação Tecnológica, chegámos à conclusão que estes governantes não querem sabem do mal que estão a fazer ao país, e talvez só se irão aperceber verdadeiramente do impacto de certas medidas quando sucessivas gerações, supostamente bem educadas no sistema de ensino público, se transformarem em cidadãos gordos, deprimidos, agressivos, dependentes de medicamentos e várias outras substância psicoativas e sem capacidade crítica e criativa, ou seja, pessoas facilmente manipuláveis. Obviamente, quem pode e quer pagar, colocará os seus filhos a salvo em instituições de ensino privadas e cooperativas, que primam pelo rigor, pela disciplina, pela qualidade do ensino ministrado. Os outros? Desenrasquem-se se quiserem sobreviver!

Outra notícia para complementar as duas anteriores, refere-se às conclusões sobre o abandono escolar precoce em Portugal, bem como o nível de formação académica dos portugueses. Ou seja, a nível europeu continuamos no pódio do abandono escolar e longe de alcançar a taxa de 40% de licenciados. Afinal, um dos maiores desígnios do (des)governo do falso engenheiro não foi conseguido. O homem e os seus cegos súbditos, apesar dos enormes recursos envolvidos, não conseguiram entrar na média da União Europeia. Entre muito outros "esforços" por parte do atual estudante de filosofia em Paris, concluímos que os alunos dos vários níveis de ensino: a) não reprovam do 1º para o 2º ano do 1º ciclo do ensino básico, b) faltam às aulas de forma injustificada e ainda têm provas de recuperação absurdas para evitar reprovar, c) recebem apoio social escolar, mesmo que faltem às aulas, d) podem transitar de ano com 3 ou 4 níveis negativos e por vezes mais, e) não podem ser expulsos da escola por maus comportamento, incluindo agressões físicas e verbais a colegas, professores e funcionários, f) recebem material escolar, senhas de refeição e outros subsídios para se manterem nas escolas, g) não reprovam em alguns casos e cursos, a menos que apresentem absentismo escolar elevado ou total, h) apresentem as mais ridículas justificações e atestados médicos que têm que ser aceites para evitar mais complicações burocráticas, i) mudam para cursos do secundário menos exigentes para conseguir médias mais altas de acesso ao ensino superior,  j) entram no ensino superior com médias negativas, l) frequentam cursos do ensino superior sem qualidade, nem saídas profissionais, m) têm acesso ao ensino superior apenas com o 9º ano e uma prova de ingresso, quando têm mais de 23 anos, n) concluem licenciaturas em 3 anos e um mestrado em 2 anos, quando anteriormente necessitavam de 5 anos para uma licenciatura, o) são aliciados para fazer mestrados com equivalência imediata a boa parte das disciplinas do 1º ano, quando portadores de licenciatura pré-Tratado de Bolonha, p) frequentam doutoramentos em que não existe nenhum professor doutor a ministrar aulas, q) recebem sucessivamente certificados de 2º ciclo, 3º ciclo e secundário em menos de um semestre de "aulas", muitas das vezes apresentando um dossiê-portefólio comprado ou copiado, r) plagiam integralmente teses de mestrado e doutoramento, e nem é preciso chegar à letra z. 

Depois de todos estes "esforços" para atingir as metas europeias, o que falta fazer?

Com todos estes exemplos  e mais alguns que se podiam enumerar, com a má ou inexistente educação e transmissão de valores por parte de pais e outros encarregados de educação, o que é que a escola pública pode ensinar aos alunos? Colocada a questão de outra forma, o que é que os alunos procuram aprender na escola pública?

Mas lembrei-me agora mesmo duas medidas absolutamente eficazes e infalíveis para resolver alguns destes problemas: 

1) o governo paga aos casais portugueses um subsídio vitalício por cada filho que nasça vivo. Aqui resolvem-se dois problemas de uma vez só: diminui-se a taxa de interrupção voluntária da gravidez e aumenta-se a natalidade.

2) assim que a criança nasce, recebe automaticamente o diploma de professor doutor, e depois vai recebendo carimbos nos vários estabelecimentos de ensino que frequenta, onde só vai lá para comer, beber, conviver com os amigos, consultar a internet e ser servido pelos professores e auxiliares que, com um pouco de sorte, ainda se oferecem generosamente para lhes limpar o rabo e assim justificar o vencimento mensal.

Com tudo isto, não admira que o povo fique cada vez mais burro, mais pobre, mais gordo e mais bruto. Aliás, o ditador Salazar fez o mesmo, mas com estratégias mais diretas, mais óbvias e recorrendo à repressão. Os métodos atuais são mais refinados e levados à prática por gente sofisticada, muito avançada intelectualmente e que sabe o que é melhor para o seu próprio benefício e para os membros do gangue de saqueadores dos país.

No meio de tudo isto, o que penso eu fazer para contrariar esta situação?

Simples: apesar de cada vez receber menos pelo meu trabalho, apesar de cada vez o meu trabalho ser menos valorizado por muita gente que me rodeia, diariamente, continuo empenhado em ensinar e ajudar quem se mostrar interessado em saber mais, em fazer melhor, em afastar-se da mediocridade, em recusar o conformismo e o comodismo. Resumindo, colaborar com quem quer evoluir!

Chegou ao fim deste texto? Parabéns! Porque não interessa nada o que aqui escrevi. O mais importante é o jogo de sábado com a equipa de uma dos países que nos irá escravizar económica e financeiramente durante várias décadas. Certo?

3 comentários:

Jordão Alves disse...

Concordo com tudo.
Mas em relação aos governantes que decidem sobre nos cidadãos, acho que deveria haver informação para os portugueses que tem o direito de voto isto é aqueles que ainda se designam a ir votar saberem como poder mudar as pessoas que são uma aberração completa sem dignidade sem respeito sem educação sem vergonha sem sei la mais o que podemos atribuir a estes filhos da ( ).
Julgo que a unica forma de mudar as pessoas que estão la seria a maioria ir votar em branco ou seja dobrar o voto para não ser anulado e desta forma as pessoas que estão atualmente a candidatar se não poderiam voltar para la.
Mas isto é muito complexo por a uma grande parte da sociedade que não tem nem chega esta informação.
Uma coisa é muito certa não ira demorar muito tempo para que este balão de oxigênio rebente de forma as pessoas perceberem que não podem nem deveriam sequer ter tentado viver acima das possibilidades.
De quem é a culpa de todos nos que não ouvimos os mais velhos a dizer (o rapaz não facas uma casa tao grande o rapaz se não tens dinheiro para ir de ferias não vás ao banco vai mas é aprender a cultivar alguma coisa, o rapaz se não tens dinheiro para o carro anda mais dois ou trés anos de acelera, o rapaz nem todos podemos ser dr o Eng ou prof ser serio e trabalhar também é uma profissão.) etc.
Poderia alongar mais isto que duvido que alguém já vá ler tudo, porque hoje a população prefere ver TV, novelas e jogos de futebol do que ler.
Resumindo tenho fé que um dia a tradição volte a os valores se recuperem de forma lenta e muito dolorosa para muita gente mas compensatória tenho a certeza.
Um abraço a todos e em especial a quem leu este texto e este humilde comentário.

Triatleta disse...

Eu li! :-)

Não adianta muito, mas pelo menos, aos escrevermos o que pensamos, botamos cá para fora o vómito que nos agonia.

Abraço.

PP

Samuel Martins Pinheiro disse...

Ufa! Até que enfim consegui ler tudo, incluindo os comentários.

Não sei bem o que poderia dar uma "maioria" de votos brancos!? E como não acho que os partidos são todos iguais creio que os eleitores podiam dar-se ao trabalho de ler um pouco dos resumos dos programas de TODOS os partidos e votar nos pequenos.

Tenho a certeza que ia ser divertido um monte de deputados de inúmeros partidos a guerrear nos debates! :-D