quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O optismo nacional, ou a falta do mesmo

Numa troca de mensagens no Fórum do Tri-Oeste, acerca dos resultados desportivos e os motivos pelos quais noutros países, existem mais e melhores atletas e equipas com altas performances, como idiota que sou, esgalhei as seguintes ideias:
"Seja em que área for, o que pode mudar a perspectiva que, nós portugueses, temos em relação a um determinado nível/patamar superior?

R.: Precisamente, quando alguém atinge ou ultrapassa esse ponto de referência, a nossa perspectiva muda por completo e concluímos: "Eu/ele/nós também somos capazes!!!"

Estas notícias vão surgindo de vez em quando, no desporto, cultura, economia, investigação, etc., e os protagonistas são pessoas ou instituições que com maiores ou menores recursos, mas por certo com muito talento e trabalho, abrem as portas para novos horizontes.

Não me lixem a cabeça, com afirmações do tipo: "os alemães são mais altos e fortes", "os americanos têm mais poder económico", "os nórdicos são mais educados e organizados", "os brasileiros são mais descontraídos e felizes". São só desculpas de um povo que só se queixa e diz mal de tudo e de todos, que gasta o que tem e o que não tem, que se sente mal no seu país, mas se aparecer um estrangeiro à frente, para agradar, faz um sorriso enorme e só não fala o idioma do gajo se não puder.

Os resultados desportivos, não são mais do que o reflexo do contexto geral da nossa nação, e se temos alguns atletas e equipas com ferformances extraordinárias, mais poderíamos ter se, de uma vez por todas, os nossos governantes deixassem de pensar apenas nos interesses pessoais e político-partidários e fizessem um investimento profundo e consensual na educação e na cultura. A prova de que isso é possível, está no extremo inverso: Salazar conseguiu estupidificar a esmagadora maioria da população portuguesa durante décadas e reservou para a restrita elite (social, eclesiástica, política e empresarial) a educação e cultura com qualidade, bem como o acesso a recursos materiais.

Tenho a certeza absoluta acerca do seguinte: com uma educação de qualidade, i.é, um sistema de ensino exigente e que proporcione adequada educação e formação às crianças e jovens portugueses, em 2-3 gerações, teríamos um Portugal melhor e mais optimista. No desporto, naturalmente, iríamos constatar as consequências benéficas desse investimento.

No entanto, e apesar de um "25 de Abril de 1974", as estratégias de Salazar foram refinadas, e temos assistido a sucessivas governações tendencialmente protectoras dos interesses de alguns grupos (leia-se lobis) políticos, económicos e sociais, ou seja, daqueles que têm dinheiro e/ou poder.

Assim não vamos lá! Ou melhor, vamos mas é tal e qual como numa competição: quem mais talento tem e melhor se prepara, provavelmente, mais rápido termina a prova.

Nós também concluímos a nossa prova, mas muito tempo depois."

Sem comentários: