Aviso: esta mensagem tem muito de emocional e nada de ofensivo.
1. Introdução
Excepcionalmente, farei um rescaldo organizado e detalhado de uma prova. Afinal de contas, justifica-se a prosa: foi o meu regresso aos triatlos, após uma pausa forçada de 5 anos.
2. Agradecimentos
Por todo o significado que têm, os agradecimentos devem vir no início de um qualquer artigo ou mensagem. Para mim, estes agradecimentos também são especiais e plenamente merecidos.
Pela espontaneidade e sinceridade dos gestos e das palavras de várias pessoas que me abordaram no dia 1 de Agosto de 2009, saudando o meu regresso à modalidade, o meu profundo e sensibilizado: MUITO OBRIGADO!!!
A todos os que decidiram não prolongar por mais tempo uma injustiça, permitindo-me, através desse acto de bom senso, o regresso à prática da modalidade que maior prazer e realização desportiva me dão, o meu sincero: MUITO OBRIGADO!!!
3. A preparação
Tendo em conta a incerteza sobre o regresso à prática da modalidade até à 2ª-feira antes do evento, a preparação do mesmo - se é que se lhe pode atribuir essa designação -, foi realizada com os treinos entendidos como indispensáveis para concluir a prova, ou seja, 3 treinos de corrida - desde 18 de Abril de 2008 que não praticava Atletismo -, num total de 15 quilómetros e 2 treinos de Natação, num total de 1650 metros, para além dos habituais treinos de ciclismo em que alterno a estrada com o BTT.
4. A prova
4.1. Antes
Contrariamente às minhas expectativas iniciais, não me senti nervoso; afinal, fui readmitido num ambiente que respirava desde 1994 e de onde saí contra a minha vontade, sentido por esse motivo muito mais a ausência do que uma explosão de alegria pelo regresso. Foi, portanto, tudo muito natural e agradável.
Curioso verificar que todas as rotinas relacionadas com as provas ainda estavam bem presentes, de tal forma, que não me atrasei e não me esqueci de nenhuma peça de equipamento ou acessório.
4.2. Durante
O segmento de natação, para surpresa minha - o único pequeno revés do dia -, foi sem fato isotérmico. Mesmo sem aquecimento, lá fui cumprindo o percurso, esbracejando, respirando e, quando me lembrava, também batia as pernas, juntando a estes movimentos enferrujados uma navegação com assinalável sucesso. Após 16minutos e 53 segundos a saborear a água choca nos seus tépidos 24º, consegui a magnífica performance de sair em 121º lugar da Barragem da Capinha. Este feito inédito tem mais valor se for tido em conta que nadei ao nível do João Garcia - sim, esse senhor, o melhor alpinista Português de todos os tempos -, num mano-a-mano aquático de meter inveja a um duelo menor como o Phelps vs. Thorpe.
O segmento de ciclismo - o único onde verdadeiramente me sentia bem preparado -, foi o esperado contra-relógio individual em ultrapassagem quase constante de outros participantes. Também não era para menos, pois quando cheguei ao primeiro parque de transição, muito mais de 50% das bicicletas já lá não estavam. Malandros! Foram-se embora e não esperaram por mim. Mesmo sem ir "prego a fundo", recuperei 45 posições, e tive que dosear o esforço, pois na minha menta subsistia uma dúvida pertinente: "Vou conseguir correr depois do ciclismo ou vou arrastar-me como uma lesma durante 5200metros?"
A corrida foi a maior e mais agradável surpresa do dia, pois quando coloquei os pezinhos no chão já estava à espera que as "piranhas" (cãibras) me atacassem. Mas os músculos encontravam-se de tal forma massajados pelo intenso pedalar e nada esquecidos de como toda aquela coisa se processava que pareciam falar comigo dizendo-me "vai lá correr que ainda nos lembramos como isto se faz". E assim foi: passada curta e rápida, membros superiores descontraídos, respiração super-controlada e ritmo confortável e constante, permitiram-me tomar balanço da primeira para a segunda volta e realizar a parte final em aceleração constante, concluindo a prova numa espécie de sprint com um parcial de 18minutos e 47segundos e um tempo final de 1hora 15minutos 04segundos.
4.3. Após
Bendita tenda com bebida isotónica e fruta logo após a linha de meta. Enquanto tentava recuperar o fôlego e entre algumas trocas de impressões com outros participantes, comi e bebi o que me deram, mas desapareceu logo, tal como se o organismo fosse uma esponja, em consequência deste intenso esforço. Depois cumpriram-se mais algumas rotinas habituais nestas andanças: alongar, retirar material do parque de transição, arrumar toda a trouxa, tomar duche, comer mais uma "bucha" e seguir viagem até ao destino ainda mais a norte.
5. O ambiente
Após mais de 4 anos de pausa, muita coisa mudou - até eu mudei! -, na modalidade que parei de praticar em 2005. O que eu vi com os meus olhos e aquilo que a minha percepção da realidade me diz fica resumido a uma organização mais cuidada, com maior rigor e empenho, demonstrando uma atitude muito profissional ao longo de todo o evento.
Os atletas são cada vez mais jovens e mais rápidos, sobretudo na natação e muito bem apetrechados de material desportivo, em particular, as bicicletas. Também se apresentam com uma dinâmica muito própria, fruto do crescimento enquanto triatletas nas escolas de Triatlo, nos clubes, no CAR, nas Selecções Nacionais, conferindo-lhes a natural ambição de ganhar títulos e de projectarem objectivos ambiciosos na modalidade. Mas também vi muitos atletas de pelotão, cujo o seu objectivo passa essencialmente por vencer mais um desafio desportivo e pessoal, no menor tempo possível, mas a darem o indispensável colorido a uma prova com 161 participantes à chegada, cuja diferença de tempo do primeiro - Bruno Pais do SLB -, para o último, foi de 1hora 12minutos e 43segundos. Como dizia a senhora do anúncio televisivo, "no meu tempo", jovens e menos jovens, primeiros e últimos ficavam a comer, beber e conviver logo após a linha de meta, estendendo-se essa troca de impressões até ao convívio e lanche final oferecido pela organização a todos os participantes na prova. Aí que saudades! Os tempos mudam, as condições para realização das provas alteram-se, os regulamentos evoluem e só restam dois caminhos: um será abandonar a modalidade e ou outro será adaptar-mo-nos à nova realidade. Definitivamente, escolhi a segunda via!
O público, felizmente, também é em muito maior número, apoia mais os atletas e já não fica tão indiferente à passagem dos mesmos. A presença de jovens atletas "obriga" os familiares e amigos a deslocarem-se para assistir às provas, mas a popularidade da modalidade também cresceu bastante e como tal, a assistência, em termos médios, é bem superior na actualidade.
6. Balanço final
Como tenho vindo a referir nesta longa mensagem, o regresso ao Triatlo foi um regresso esperado e desejado às rotinas típicas que caracterizam a prática desta fantástica modalidade desportiva, e vai ser óptimo voltar a diversificar os treinos e a traçar novos objectivos para o futuro.
Até (muito) breve!
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